Soneto do Amor Inacabado

O amor que começou, pouco durou
mas também não acabou, não completamente
Aquela pessoa que você abandonou
Não era mais a mesma que você amou

O tempo, as circunstâncias, as carências
Fizeram a gente acreditar que o amor havia esgotado
Desistimos de tentar, de acreditar e de amar
E agora, vivemos um amor inacabado

Inacabado sim, por que não?
Nos tornamos dois estranhos
Mas existe uma razão

Mas se a razão for tão frágil
tão sem cabimento e dizer não
Pare! Escute o seu coração.

Soneto para A Filha Distante

Eu que a tanto tempo estava a te esperar
Aprendi várias canções para te ninar
E seu nome escrevi várias vezes no papel
Pensando em como te fazer tocar o céu

Você que já aprendeu a desenhar
um monte de musicas aprendeu cantar
e mesmo achando que você ia se esquecer
vinha correndo ao me ouvir chamar você

E a vida se encarregou de me ensinar
que a vida é muito mais leve
quando você está lá

E a vida ainda vai te mostrar
Que não importa quanto tempo vai demorar
Mas eu vou sempre estar aqui a te esperar

Soneto do Presente

Deixe de lado suas ansiedades
Não é porque você quer
Que o mundo mudará a sua vontade
Não se perca sem necessidade

Não se amole com o futuro tão distante
Esta soma das incertezas deste instante
Mas também não se prenda ao passado
No que deu certo, nem no que deu errado

Viva o presente e sua total consciência
Acerte, erre, faça, espere, ame e desame
Mas não perca a paciência

O futuro a ti pertence
Não há como se desprender
do que Deus guardou para você

Soneto do Dia Ensolarado

Ah, como gosto dos dias ensolarados
Dia bom para tudo dar errado
Sair atrasado, pegar ônibus lotado
Ser esfregado, chegar todo suado

Mas, neste calor torrencial
Pegar uma praia não seria mau
Sentar na areia quente
E se impregnar de água e sal

Mal posso disfarçar minha alegria
Diante de tão radiante dia
Que me faz coçar como se tivesse alergia

Ah, mas como é bom o dia fervente
Não desejaria ser diferente
Para que frio, se bom mesmo é o quente?

Soneto do Pássaro Azul

Este Soneto foi escrito a quatro mãos. Eu e minha filha Maria Luíza de 07 anos que escrevemos. 

Existia um passarinho azul
e seu nome era Blu
ele gostava de voar para o sul
e de vitamina de cupuaçu

tinha uma amiga chamada Bela
que tinha um jardim na janela
e todo dia ele ia conversar com ela
e dava de presente uma margarida amarela

a dona deles se chamava Maria da  Conceição
eles gostavam dela de montão
e eles fizeram uma canção

dona Conceição ficou tão emocionada
que comprou sementes e alpistes
e fez uma festa para a passarada

Soneto do Aniversário

A cada 365 dias esta data se anuncia
Ganho parabéns da vovó e da titia
mas eu ainda não entendo
porque tanta euforia

Parabéns por ter sobrevivido?
Parabéns por ter nascido?
Qual o motivo das felicitações?
Para que tantas reações?

Não há mérito em aniversariar
Talvez quando for velho
Possos meus 90, 100 anos comemorar

Mas por enquanto não quero muito auê
Só reunir amigos e parentes
E que não cantem o parabéns para você

Soneto da Amizade

Quero ser vizinho da casinha amarela
Ser amigo de quem mora nela
Falar do meu Cruzeiro
e não se importar com dinheiro

Escrever em prosa e musicar poesia
Pra fugir da loucura do dia-a-dia
Compartilhar uma boa bebida para relaxar
e ter muita história para relembrar

Ver nossos filhos crescendo juntos
revivendo nossa amizade
criando laços de cumplicidade

E com o avançar da idade
ver o quanto valeu a pena
viver com simplicidade

Soneto dos Últimos Dias

Estou confortavelmente anestesiado
Completamente aliviado
Confortavelmente situado
Entre  silêncio e o sono sagrado

Pouca coisa, quase nada
Agita minha alma tranqulizada
Completamente anestesiada
Perfeitamente santificada

Não há nenhuma razão
Não há explicação
Apenas ausência de emoção

Esta calmaria desejada
Esta alma esvaziada
Uma vida inteira realizada

Soneto do Amor a Três

O amor romântico é feito a dois
Deixa todo o sexo para depois
Começa na juventude
E na maturidade se encontra a plenitude

O amor moderno é feito a três
Privilegia, de cara, a nudez
Se desfaz do silêncio e da conversa
E termina pouco depois que começa

Amor a dois eu já experimentei
Um monte de vezes que nem contei
Mas invariavelmente me decepcionei

Agora, desta vez, eu quero amor a três
Amando alguém agora
E a outra na espera por sua vez

Soneto da (Des)humanidade

Não sei bem o que é empatia
Portanto, não espero sua simpatia
Não estou aqui para agradar
Senão para te provocar

Não chorei as mortes de 11 de Setembro
Não me choquei com as mortes da França
Não lamentei as vidas perdidas em Bruxelas
Não me importei com a fome das crianças - refugiadas

Tentaram me chocar
Com toda maldade
Que no mundo há

Mas nem uma lágrima
Você verá escorrer
Nem quando anjos merecerem morrer

Soneto do Sonho Bom

Cadê aquela moça que faz meus olhos brilharem
que me faz escrever cada coisa, em poesia e em prosa
E que cada acordar será como desabrochar de uma rosa
Cadê aquela moça que me deixou viciado, me deixou apaixonado

E que a cada riso discreto,
me faz ser melhor isto é certo
Me faz querer sorrir e dar um abraço eterno
Como uma história tão boa que a cada fim se renova

Que eu espero um dia tê-la em meus braços
Para todo sempre e um dia mais
Mas que o que me faz pensar, que para sempre será minha?

Se tudo que sinto, continuo a esconder nas entrilhas
De prosas, versos, poemas e poesias?
Ah... sonho bom. Um dia será minha...

Soneto Post Mortem

Quando cheguei ela já estava assim
Com uma cara entendiada olhando para mim
Mas esta não foi a última vez que a vi
Mas quem me dera se tivesse sido assim

Desta vez ainda havia ternura em seu olhar
e a beleza de uma mulher que sabia perdoar
E ao mesmo tempo, uma frieza que não dá para explicar
e nada mais que isto me dizia aquele seu olhar

Mas um tempo passou e o dia chegou
Seu coração esfriou e seu olhar mudou.
E foi assim que tudo acabou

Ela estava ali, parada e olhando para mim
E esta foi última vez que a vi
Quando tudo acabou, nem pude a ver sorrir

--x--


Fotografia e direção: Barbara Kaucher
Produção: Katherine UlianModelo: Tania BorgesMaquiagem: Jaqueline ZanellaAssistente: Marília Del Vecchio 

Soneto da Saudade

Hoje senti uma saudade serena
Daquelas que são tão grandes de tão pequena
Uma saudade daquelas que já começa
antes mesmo de se distanciar

Uma saudade tranquila, com hora para acabar
mas a tal ponto sentida e sem medida
que seria impossível de explicar
e nem conseguiria declamar, antes dela chegar

Uma saudade sem reticências
Anunciada por um ponto final
Que me faz crer que é o amor afinal

Enquanto aguardo (im)pacientemente
o retorno esperado e anunciado
me lembro, repentinanemente, como é estar apaixonado

Soneto da Rosa Rejeitada

Outro dia, por acidente.
encontrei uma cartão antigo
que me fez lembrar da gente
e me tirou do presente

Revisitando o passado
me lembrei do quanto tudo estava errado
a flor que não saiu do lugar
e o cartão que não foi guardado

Se foi por descaso ou desamor
até hoje não consegui entender.
Mas foi ali que vi: perdi você.

Retorno ao presente
e vejo como tudo poderia ser diferente
se eu tivesse desistido da gente

Hoje não há poesia

É tamanha incredulidade
Que liquidou com toda e qualquer criatividade
Como forma de protesto conta esta anomalia
Hoje não tem poesia

Soneto do Desconvidado

Recebi um convite de um certo mineirin
Apareceu no meu facebook todo animadim
Me convidando para ir para rua salvar nossa nação
De um mal irremediável, a maldita corrupção

Mais mineiro do que ele, pois fui criado na roça e não no mar
Resolvi ficar em casa e só observar
O tempo foi passando, e nada ver meu anfitrião
E quando ele apareceu ainda o chamaram de ladrão

Quanta risada eu dei, mas ainda esperava
a legenda na imagem que era televisionada:
"Citado na lava-jato vai pra manifestação de cara lavada"

Mas nem uma linha eu vi, a respeito do Aécin
e da sua ficha tão "limpa" e quase sem fim
Ah come quieto desonrado, maldito mineirin.

Soneto da Jararaca

Tentaram acertar a cabeça da jararaca
mas lhe tacaram o pau no rabo
A jararaca continuou viva
e brava como o próprio diabo

Disse a toda bicharada: Mulas, asnos e burros
Que tentaram matar a cobra errada
Que a nação é manipulada
Para atender a elite esbranquiçada

Por um momento quase acreditei
que a cobra era inocente
e que atacá-la era agir covardemente

Pobre jararaca, cheia de amigos influentes
tudo que possui foi presente de bom grado
de gente para presidente gente

Soneto do Arrependimento

Hoje eu acordei e tudo estava estranho
A nossa música tocava um pouco desafinada
E sempre que me perguntam sobre você
Minha vontade é correr e me esconder

Mas eu sei que a culpa foi toda minha
Tão jovem, imaturo e com mentalidade mesquinha
Tudo isto não me permitiu ver
Que tudo que precisava era comprar flores para você

Sentar ao seu lado, segurar sua mão
te levar para dançar, te permitir sonhar
Mas agora querer fazer tudo isto é em vão

Porque enquanto relembro tudo que não fiz
Você está dançando as músicas que queria dançar
mas com outro homem que te faz flutuar

-- x --

Inspirado na Música "When I was your Man" - Bruno Mars

Soneto da Manifestação

Hoje é dia de manifestação
Todo mundo contra a corrupção
Mas que coisa mais engraçada
Quem chama todo mundo, é mais um ladrão

Me chamaram para ir para a rua
Mas para rua não vou não
Porque isto não tem a ver com consertar a nação
É apenas um artifício para o poder trocar de mão

O governo tem mandado muito mal
mas quem entrar agora
vai fazer tudo igual

Por isto tenho convicção
Para o Brasil ir para frente
Só votando certo na próxima eleição

Soneto da Bailarina

De tudo que fazia
Era quando dançava que mais sorria
Rodopiava e saltava
E nada se comparava

Nem a dança das folhas no outono
Nem um concerto mágico de piano
Era tão lindo e encantador
Do que vê-la dançando

Uma bailarina com ar de menina
Uma menina com olhar de mulher
Que com passos meu dia ilumina

Um achado incomparável
Diferente de qualquer menina
Era ela, a minha doce bailarina

Soneto do Amor com Dor

Que preguiça que deve dar
ao Poeta que se põe a pensar
em uma rima adequada
para a palava amor

Logo de cara, que infelicidade
vem a palavra dor, e no verso seguinte amor
e depois no outro de novo dor
e nada mais parece rimar com o verbo amar

Lembram da dor, lembram da angústia
lembram do fim, lembram da tristeza
só não lembram da primeira beleza

A beleza de se encantar, sonhar
rimar, se apaixonar, e novamente rimar
Triste - Poetas rimam mais sofrer do que amar.

Soneto da Pipoca

Branquinha como a neve
e fofinha como algodão
Pode servir no saquinho
E eu gosto de montão

Tem pipoca caramelizada
que deixa a criança melada
Tem pipoca salgada
E até destas duas misturadas

Completa a brincadeira e o cinema,
deixa a criançada animada
e, se vacilar, deixa a casa bagunçada

Mas o mais gostoso da pipoca
é que nem que seja pouquinho
nunca se come sozinho

Soneto da Palavra

Nenhuma palavra é vazia
Tudo que se diz carrega um significado,
Uma mensagem, uma profecia
E por isto mesmo tem que tomar cuidado

Desde a criação do mundo
Tudo partiu do uso da palavra
E em uma fração de segundo
Era criado tudo que se ordenava

Ainda assim, usa-se tanto poder
Para criticar, marcar e ofender
Até quando? So Deus poderá dizer

Mas a palavra também pode curar
Fortificar, crescer e abençoar
Basta na hora certa, se calar

Soneto da Mulher

Quando Deus fez a mulher
- A última de suas criações -
O homem ficou admirado
Se encantando por suas feições

Diz a Bíblia, que tamanho foi o enstusiasmo
que Adão, o primeiro homem havia exclamado:
"Esta sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne"
E quando menos percebeu já havia se apaixonado

Na minha cabeça, imagino eu,
Que naquele momento abençoado
Deus, também, a música havia inventado

Pena que o homem, dentro de suas incertezas
Esqueceu-se desse dia de tamanha beleza
E nunca mais enxergou a mulher, com esta mesma clareza

Soneto do Sal da Terra

Diz as escrituras que o homem é o sal da terra.
E que se ele for sem sabor, com que iremos salgar?
Sal sem gosto, só tem um serventia,
Ser jogado fora para que o homem possa pisar.

Ser sal da terra é ser portados das bem-venturas do espirito
Levando paz e tranquilidade ao aflito
Levando luz para onde há trevas
Levando diálogo onde há conflito

Por isto, preste atenção
Para que façamos o mal
Sempre há uma tentação

Mantenha-se em prontidão
Keep Calm e faça uma oração
Pois. no céu, te espera o seu galardão

Soneto do Fim da Inocência

A inocência está perdida

A culpa nos toma de assalto a cada notícia

Me sinto culpado pelo Lula ter roubado

Me sinto culpado pelo boi que cresce confinado

Me sinto culpado pelo acidente de Mariana

Me sinto culpado pela chacina na França

Me sinto culpado pelo incêndio de Santa Maria

Me sinto culpado pelo roubo da merenda da Criança

Me sinto culpado por querer ser inocente

Me sinto culpado por não querer preocupar com tanta gente

Me sinto culpado por ter perdido a inocência

Inocência consentida pela falta de informação

e que me faz constatar o que não sabia desde então

Que, de fato, a ignorância é uma benção. 

--x--

Ilustração: Os gêmeos - http://www.osgemeos.com.br/pt

Soneto da Corrupção

Eu não quero apenas o fim do PT
Eu quero o fim desta esculhambação política
Eu quero a prisão do Cunha, do Aécio e da Dilma
E for preciso até do palhaço Tiririca

Eu não que apenas que o Lula vá para prisão
Eu quero que o povo entenda o que é corrupção
Eu quero a prisão do dono do pó e do ladrão de merenda
E de todo aquele que com meu suado dinheiro ostenta

Eu quer um outro Brasil
Um Brasil menos brasileiro
e mais verdadeiro

Para meu filho poder contar
Que no passado era normal político roubar
e ele me dizer: "Impossível acreditar".

Soneto para Um Amor Antigo

Lembra-se daquele dia?
Que me perguntou se te esperaria?
Se na sua volta eu te receberia?
Que me disse que eu era o motivo da sua alegria?

Lembra-se daquele dia?
Que andávamos sem pressa de chegar?
Que cada despedida era motivo para chorar?
Que o amor dá forças para superar?

Lembra-se daquele dia?
Que escolheu ir embora e nunca mais voltar?
Mal se despediu me pedindo tempo para pensar?

Lembra-se daquele dia?
Aquele dia que nunca quis terminar?
E hoje renasce para me fazer lembrar?

Soneto da Cerimônia de Formatura

A vida é feitos de ritos de passagem
Um deles é a cerimônia de formatura
O que para uns é uma viagem
Para mim é uma tortura

Apitos, buzinas e adereços a vontade
E eu fico me perguntando
Será que há necessidade?
E não falo por falar, já fui formando.

E por falar em falar
E todo aquele blá blá blá
Que parece não terminar

Mas é isto, 4, 5 anos de faculdade
Se resumem a tão pouco pouco tempo
Que serão guardados para a eternidade

Soneto da Emoção

A capacidade de se emocionar
é o que nos faz mais humanos
Por isso nos permitimos chorar
mesmo sem cair em prantos

Quando a arte nos emociona
É como se por fração de segundos
Sentíssemos o afago de Deus
Mostrando a diferença entre dois mundos

A emoção de ver a arte em perfeição
O corpo se expressando no balé
em perfeita harmonia com uma canção

Tudo isto misturado - sincronizado
é o que me fez sentir, mais uma vez
humanizado, santificado

Soneto do Aranha Brasileiro

O seu Aranha subiu no octogono

Foi brincar na luta e se arrebentou

Passado algum tempo ele voltou

E novamente Weiderman o derrubou

Voltou a lutar e se estrepou

Até para zoar, o Nick Diaz se deitou

A luta acabou e ninguém ganhou
O anti-doping o Aranha pegou

Passado algum tempo o Aranha voltou

Mais uma luta que o Aranha lutou

E desta vez foi o Bisping que ganhou

Coitado do Aranha, o que lhe restou?

Perdeu novamente e quem notou?

Já foi o tempo que o brasileiro o idolatrou.